quarta-feira, 5 de dezembro de 2012


Equilíbrio

   Uma vez alguém me disse sobre o equilíbrio ser a chave do porto seguro tranquilo para os meus problemas. Que tal paradoxo, de menina mãe, não deveria mais existir para se ter equilíbrio. Que talvez, mãe não pudesse ser menina. Isso é o que as pessoas dizem o tempo todo e talvez o que elas queiram enxergar dentro de mim agora. Mas mudanças bruscas não podem ser o equilíbrio, pelo menos não para mim.
   A pessoa que me fez pensar nisso, talvez tenha cutucado em alguma ferida aberta, ou simplesmente feito uma mãe pensar sobre as coisas da vida. Mães sempre pensam demais! Fiquei parada ali me perguntando por que razão ainda gostaria de ser só uma menina com as responsabilidades de uma mãe. Porque não queria correr tão depressa com o resto que me cobravam, porque ainda gostava de dormir na cama da minha mãe.
    Fiquei pensando se isso por ventura seria algum pecado, alguma coisa que freasse as minhas ideias e me pausasse numa vaga lembrança que jamais poderia existir de novo. Mas depois, no mesmo instante cheguei à conclusão de que o meu equilíbrio era exatamente o contrario. Que o fato de eu ser mãe aos 18 anos não me faria mudar de menina para mulher. É claro que é preciso crescer e saber colocar a segunda água do arroz na medida certa, pra não ficar tão seco e nem tão papado. É claro que é preciso se casar e ter família e ter mais que um teto pra se morar. E que um fusca azul na garagem da nova casa não seria nada ruim.
    Mas acontece que mesmo que algumas coisas saiam dos planos reais e passem a ser agora os únicos planos reais, o resto dos planos continua existindo.  O resto dos sonhos, o resto de mim, o resto das fadas e de cada coisa que eu ainda acredito não merecem ser assassinados ou jogados fora, isso causa desconforto e desconforto não combina com equilíbrio! Por isso, ainda que um dia eu esteja não mais caminhando só e carregando um bebê no colo, ainda que um dia eu tiver de acordar de madrugada pra dar de mamar e não pra terminar de estudar a matéria de matemática que faltava pra prova, vou continuar me nomeando menina. E não que eu seja uma menina de corpo, de fala, de correr ao invés de andar... É que talvez eu seja uma menina de alma e isso não precisa mudar!

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