quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Meu menino
 


Voz mansinha, carinho no peito, amor, beleza de traços suaves tão firmes e sutis. Pequeno como a palma das mãos, grande, tão grande meu menino é. Forte de luz, feito de amor, só podia ser... Amor! Passos lentos, num suspiro te acordo e te nino. Meu menino, quanto amor! a vida agora se completou. Flores vivas, de todas as cores surgem no chão do meu jardim. Pequenos pássaros, pequenos amores, a vida é bem melhor assim! Que graça o dia tem, a noite vem, pequeno menino, o mundo agora se embelezou com seu amor. Seu modo de rir, tão doce num sonho, como se sonha um sonho? Sonho acordada. Te balanço e te pego no colo, te vejo tão claro, amigo da paz. Sereno, meu pequeno, leve feito a brisa, leve a tristeza pra lá, que o sol te ilumine, que a chuva te lave a alma, que a terra te abrace e te faça criar raízes fortes, tão forte quanto o que sinto agora, desde o momento em que você chegou!

 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Não era uma cegonha - Da dor ao amor!

Depois do marca e desmarca da cesariana (cheia de medo, escolhida por conveniência e mais medo ainda de um parto normal) decidimos o dia 14. Mas 14? Numerosinho tão mais ou menos, nem 13 e nem 15... Q.u.a.t.o.r.z.e. ! Lento até na forma de se pronunciar. E lá estava eu, toda nos preparativos, arrumando o quartinho, pensando no meu inhoque do almoço de sábado, programando meu ultimo fim de semana de barriga. Acordo no dia 8, belo sábado de sol que entrava sem pestanejar na minha janela e vou apertada ao banheiro, (grávidas são amigas das privadas!) ops, nem deu tempo de chegar e já fiz o xixi, pensei eu depois de ter escutado as mil e uma historias de bolsas que estouram e de grávidas que pensam que é xixi. Achei meio estranho e lembrei que poderia ser a bolsa (mas e o plock que me falaram? Não era uma enxurrada que descia?) fui falar com a minha mãe e decidimos esperar, até vazar em mais uma calcinha o liquido com cheiro de água sanitária, vulgo banheiro de rodoviária. Ai a fixa caiu e sem cair completamente eu fui na maior calmaria me arrumar pra ir ao hospital. Chego lá, em jejum e só vou internar à tarde. Contraçãozinha vai, contraçãozinha vem... Que beleza essa colicazinha. Essa é a dor que as mulher reclamam? Que frescura (coitada, achando que ficava por aquilo mesmo). A danada foi chegando, eu que não sabia o que fazer só não fiquei deitada igual a medica me falou. Do resto, cantei mantra, deitei no chão, andei o hospital inteiro, fiquei de cócoras, quis fugir clandestinamente e correr pra outro hospital e fazer logo a cesárea (tão mais simpática), vi Deus numa alucinação, suei, pensei em escrever uma carta de adeus pensando que daquela não passava, chorei, morri de chorar, entrei no chuveiro (que alivio) e nos 8 cm finais (ainda faltavam 2) eu respirei fundo, não vi nada, não sabia de nada, não era nada, fiz a maior força da vida e me descobri forte outra vez. Nasceu num choro, na madrugada gelada e quente de estrelas e nuvens no céu, depois da tempestade de granizo, depois do sol que entrou num sorriso. Senti que agora eram dois corpos no mesmo sentimento, senti seu choro, tão lindo, morri e nasci outra vez. Não completamente eu mesma, mas absolutamente mãe! Peguei o Pedro no colo, no meio do suor e do alivio da dor, senti seu coração, junto com o meu, imaginei um filme da vida, dos primeiros passos, dos rabiscos na parede da sala, do primeiro banho de mar, do sorriso, do abraço, do amor. Era realmente lindo, bem mais que isso, era a vida! A vida tão mais simples e tão mais viva. E no meio daquilo tudo, da luz e do escuro eu me descobri vulnerável, mas capaz, menina, mas mulher, ninguém e ao mesmo tempo eu! Eu era aquilo tudo, viva outra vez! Menino nos braços, coração bonito, sem aperto, sem receio, era amor!!!
 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012


Equilíbrio

   Uma vez alguém me disse sobre o equilíbrio ser a chave do porto seguro tranquilo para os meus problemas. Que tal paradoxo, de menina mãe, não deveria mais existir para se ter equilíbrio. Que talvez, mãe não pudesse ser menina. Isso é o que as pessoas dizem o tempo todo e talvez o que elas queiram enxergar dentro de mim agora. Mas mudanças bruscas não podem ser o equilíbrio, pelo menos não para mim.
   A pessoa que me fez pensar nisso, talvez tenha cutucado em alguma ferida aberta, ou simplesmente feito uma mãe pensar sobre as coisas da vida. Mães sempre pensam demais! Fiquei parada ali me perguntando por que razão ainda gostaria de ser só uma menina com as responsabilidades de uma mãe. Porque não queria correr tão depressa com o resto que me cobravam, porque ainda gostava de dormir na cama da minha mãe.
    Fiquei pensando se isso por ventura seria algum pecado, alguma coisa que freasse as minhas ideias e me pausasse numa vaga lembrança que jamais poderia existir de novo. Mas depois, no mesmo instante cheguei à conclusão de que o meu equilíbrio era exatamente o contrario. Que o fato de eu ser mãe aos 18 anos não me faria mudar de menina para mulher. É claro que é preciso crescer e saber colocar a segunda água do arroz na medida certa, pra não ficar tão seco e nem tão papado. É claro que é preciso se casar e ter família e ter mais que um teto pra se morar. E que um fusca azul na garagem da nova casa não seria nada ruim.
    Mas acontece que mesmo que algumas coisas saiam dos planos reais e passem a ser agora os únicos planos reais, o resto dos planos continua existindo.  O resto dos sonhos, o resto de mim, o resto das fadas e de cada coisa que eu ainda acredito não merecem ser assassinados ou jogados fora, isso causa desconforto e desconforto não combina com equilíbrio! Por isso, ainda que um dia eu esteja não mais caminhando só e carregando um bebê no colo, ainda que um dia eu tiver de acordar de madrugada pra dar de mamar e não pra terminar de estudar a matéria de matemática que faltava pra prova, vou continuar me nomeando menina. E não que eu seja uma menina de corpo, de fala, de correr ao invés de andar... É que talvez eu seja uma menina de alma e isso não precisa mudar!