terça-feira, 12 de fevereiro de 2013


   Por todas as vezes que seguir foi querer ficar, apenas ficar, eu digo que ir é não dizer adeus tão triste, que ir é seguir o coração seguindo o vento, mesmo tão frio lá fora. Eu digo que ir é ter coragem, é saber domar as borboletas selvagens de dentro de você que gritam “não vá”. No fundo você sabe quando deveria ter ido e preferiu ficar. Só mais um pouquinho, você dizia, mas daqui a pouquinho, já pode ser tarde demais.
   Não deixe ser passado, aperte logo os laços mal feitos, menina ou os soltem de uma vez para não tropeçar neles mais tarde. Não faça de conta que não é com você, não se esconda com medo do novo. Novo é tudo aquilo que você vive agora, exatamente agora, novo é o presente quentinho que acaba de não ser mais futuro. Novo é viver, e ter medo disso é não estar vivo!



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sublime
   Doce viagem alucinante de sonhos que são reais e cores transparentes e luz cintilante, que entra n’alma e faz o coração crescer. Sinto os pássaros dentro de mim numa sintonia boa, incrível. Ser mãe tem me feito sentir o arrepio nos braços e o tom que a lágrima ousa cair delicada no rosto. É leve, sutil, forte e destruidor. Fico me perguntando o quão pequeno pode ser um coração e em segundos ser tão grande... Como pode tudo mudar do claro pro escuro? Do medo do futuro para a certeza de que estamos bem agora!

   Um dia me perguntaram por que eu não escrevo mais. Também me perguntei. Ser mãe é lindo, cheio de belas palavras para descrever os dias. Primeiros sorrisos, seus banhos de banheira, o sol mais laranja, eu, mãe. Mas nada disso pode ser claramente transportado para as palavras. É tão confuso, é tão bonito. Deus me fez mulher e eu mal sei o que é ser isso. Me veio um tom nude, cor que não tem cor. Sereno, gosto de tomar café na xícara e de ler livros que falem de Deus. Me encontro, mas me perco. Gosto de passar batom nos lábios, isso tem cheiro de mãe. Me misturo, sussurro uma prece, me olho no espelho e quase não acredito na dádiva que é procriar a espécie num gesto de amor. A ficha cai, cai de novo e ainda não sei explicar esse sentimento dentro de mim. Tudo passou num piscar de olhos, quando abri, ele estava ali, um menininho crescendo, ficando grande... Como pode? Tão pequeno e tão grande. Me pego olhando seus olhos da cor da terra, redondinhos e brilhantes, olhando tão firmes pra dentro de mim. Encostam-me na parede e me olham, como se quisessem conversar com a alma. Menino bonito, que gosta das cores da minha saia e dorme no meu colo quando eu danço com ele. Me faz chorar, um choro que transborda os sentimentos de dentro, que colorem o rosto cansado, exausto de uma noite mal dormida. Não há ventania capaz de destruir as flores agora, a chuva passou, levou algumas folhas, mas estamos firmes, criamos raízes e aguamos do nosso próprio choro a semente do amor! Tudo azul, eu gosto de me lembrar do mar. 

   Hoje fechei os olhos e lembrei de um sonho bom, o Pedro estava no colo e eu dizia alguma coisa sobre a cor do mar ser a mesma do céu e de serem tão diferentes e de estarem tão longes um do outro, mesmo sendo tão parecidos. Lembrei de como é bom pegar areia com as mãos e ver seus grãos escorregarem e escapulirem por entre os dedos. Me lembrei de um ano atrás, quando nessa hora eu corria na praia tão mais leve. Senti um aperto no coração de ter deixado isso pra trás tão rápido, fui correndo ver o Pedro dormir tão profundo, senti sua respiração forte e quente, como quando sentia se coração bater na minha barriga. Ainda estamos ligados, isso quer dizer “para sempre”. Me fez feliz saber que não deixei nada de tão importante passar,ele estava comigo e isso é muito maior!