quarta-feira, 18 de setembro de 2013



Tempo voando que nem passarinho


Hoje o meu pequeno foi ao médico, estava com otite.  Logo agora que estava perto da gente ver o mar. Fiquei em choque! Mas não foi só a otite e o papel da receita do médico com um nome de antibiótico prescrito, foi tudo! Logo quando eu estava indo levar o Pedro ao consultório, coloquei uma calça de listrinhas azuis e cinzas (minha favorita) e a vovó Lili logo mandou trocar: “Que calça pega frango, coitado do menino, ele vai pro médico e não dormir!” Aí me veio um filminho de quando ele ganhou aquela calça, que era conjunto com uma blusinha que tinha um bordado de elefante no canto. Fique ali parada, sabia que ele estava grande, que ele crescia mais do que meu coração podia aguentar e que, às vezes, as coisas se tornam fora de controle. As mais pequenas coisas, como uma dor de ouvido que a gente chora junto com o filho e chora duas vezes, com pena dele não conhecer o mar!
Uma vez numa aula de psicologia da faculdade a professora explicou que o papel primordial da mãe era "assujeitar" suas “crias”, era dar identidade, gosto, jeito...como dizer que o filho prefere uma chupeta azul ao invés de uma amarela. Quem foi que disse? A gente, oras! A gente se apega e as vezes se prende naquela coisinha que era tão frágil e agora engatinha e rasga os papéis que encontra pela casa e fica de olho pra gente não olhar, só pra por o dedo no interruptor. E quando uma otite vem, é como se a gente não soubesse lidar com o imprevisível nessa viagem louca e primeira de ser mãe.
O pai, chorou que nem criança, achando que otite era pra sempre. Lembrei do seu choro de quando contei que seríamos pais. Ele chorou em silencio, só ouvia a respiração se afundando em lágrimas do outro lado do telefone e o que ele me disse foi, “fica bem”. Hoje o Pedro tem 9 meses e caramba, estamos ótimos! Deu tudo certo, a barriga virou neném e o neném...está virado uma bela de uma criança levada de dois dentinhos e um cabelo dourado, quase que beijado pelo nosso sol!
E a gente, que pensava que o “nosso” não ia crescer tão rápido assim, acaba tendo certeza nas calças pegando frango e nas blusinhas que não passam mais pela cabeça. Ainda que sejam tão bonitinhas e tão novinhas. A verdade é que embora a gente não se prepare nem um segundo da vida para perder e ganhar ou substituir ou lidar com o que sai da zona de conforto, essa mesma vida nos traz dias limpos, um dia de cada vez, pra gente errar, levar e re-mar, com todo amor e medo de mãe, esse sentimento tão quentinho e tão zeloso! 

Escrito na quinta, dia 12.