Tempo voando que nem
passarinho
Hoje o meu
pequeno foi ao médico, estava com otite.
Logo agora que estava perto da gente ver o mar. Fiquei em choque! Mas
não foi só a otite e o papel da receita do médico com um nome de antibiótico
prescrito, foi tudo! Logo quando eu estava indo levar o Pedro ao consultório,
coloquei uma calça de listrinhas azuis e cinzas (minha favorita) e a vovó Lili
logo mandou trocar: “Que calça pega frango, coitado do menino, ele vai pro médico
e não dormir!” Aí me veio um filminho de quando ele ganhou aquela calça, que
era conjunto com uma blusinha que tinha um bordado de elefante no canto. Fique
ali parada, sabia que ele estava grande, que ele crescia mais do que meu
coração podia aguentar e que, às vezes, as coisas se tornam fora de controle.
As mais pequenas coisas, como uma dor de ouvido que a gente chora junto com o
filho e chora duas vezes, com pena dele não conhecer o mar!
Uma vez numa
aula de psicologia da faculdade a professora explicou que o papel primordial da
mãe era "assujeitar" suas “crias”, era dar identidade, gosto, jeito...como dizer
que o filho prefere uma chupeta azul ao invés de uma amarela. Quem foi que
disse? A gente, oras! A gente se apega e as vezes se prende naquela coisinha
que era tão frágil e agora engatinha e rasga os papéis que encontra pela casa e
fica de olho pra gente não olhar, só pra por o dedo no interruptor. E quando uma
otite vem, é como se a gente não soubesse lidar com o imprevisível nessa viagem
louca e primeira de ser mãe.
O pai, chorou
que nem criança, achando que otite era pra sempre. Lembrei do seu choro de
quando contei que seríamos pais. Ele chorou em silencio, só ouvia a respiração
se afundando em lágrimas do outro lado do telefone e o que ele me disse foi,
“fica bem”. Hoje o Pedro tem 9 meses e caramba, estamos ótimos! Deu tudo certo,
a barriga virou neném e o neném...está virado uma bela de uma criança levada de
dois dentinhos e um cabelo dourado, quase que beijado pelo nosso sol!
E a gente, que
pensava que o “nosso” não ia crescer tão rápido assim, acaba tendo certeza nas
calças pegando frango e nas blusinhas que não passam mais pela cabeça. Ainda
que sejam tão bonitinhas e tão novinhas. A verdade é que embora a gente não se
prepare nem um segundo da vida para perder e ganhar ou substituir ou lidar com
o que sai da zona de conforto, essa mesma vida nos traz dias limpos, um dia de
cada vez, pra gente errar, levar e re-mar, com todo amor e medo de mãe, esse
sentimento tão quentinho e tão zeloso!
Escrito na quinta, dia 12.
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