Cancerianos sentem frio na espinha só de pensar em mudar. Mudar o corte do cabelo, mudar de escola, mudar o sonho. Mudar, virar a vida, bagunçar os papeis, aumentar o som, falar alto, rir alto, ser mais alto, mais que um salto. Mais forte, sem contar com a sorte. Somos assim, pequeninos e inseguros, de coração grande, apaixonados pelas flores e pelos amores, ainda que as palavras não consigam ao certo dizer.
Quando descobrimos então que a tal vida não para pra que a gente levante devagar de um tombo, e que nem tudo é exatamente como na mente deveria ser, o barco tomba, o coração aperta, a borboleta volta a virar lagarta e a gente quer sair sem ter entrado. Quer pintar sem sujar os dedos e se recusa a fazer um rabisco torto. Ora, que bobagem, a vida não é mesmo assim! Meninas podem ser mães aos 18 anos e podem levar as malas pra qualquer lugar. A gente pode parar numa praia e ver o sol caindo no mar. Pode desfazer laços da mesma forma que pode amarrá-los com nós mais fortes ainda. Pode pegar duas bolas de sorte quando tem dúvida de qual sabor e pode errar mil vezes, mil e uma até aprender que errar é normal.
E quem disse que o frio na espinha sumiu? E que a mão parou de molhar e que as bochechas não hão de ficar tão rosas? A gente pode mudar pra um novo número e sentir medo de novo, e pode aprender a ser mãe só de sentir a luz no ventre, só de ser bonita, só de fazer chorar e ainda assim sentir muito medo, mas não o bastante pra desistir. Um dia me disseram que ninguém podia mencionar a grandeza do seu sonho por você, porque só você saberia a resposta. Eu sei que meu sonho é grande, do tamanho de um pingo pro universo inteiro, mas do tamanho do mundo pro meu coração. E que um filho fruto do amor só pode se chamar amor, vindo ele como for!
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