segunda-feira, 29 de abril de 2013

Verdade

   Agora, exatamente agora, se você aquietar a mente, poderá ver uma flor se abrir dentro da sua primavera interior. Linda flor, que carrega sua verdade, pura e graciosa, feito o riso de uma criança e o voo sem graça de uma borboleta. Se você silenciar a voz que grita dentro de você, procurando razões e respostas, poderá então respirar apenas silencio e isso é tudo. Nada é tudo! Será verdade somente o momento de agora, em que você está no agora e deixa as malas dentro do carro e o mapa que te guia dentro do bolso. Não há caminho certo que já esteja traçado, nem verdade escrita em bula. A vida não é um remédio, a vida é amor. A vida não tem prescrição, edição, retrato. A vida se move e remove o passado, sem pecado e sem constatação. A vida é a incerteza servida à mesa para se apreciar e se amar, sem dor! A vida, eu repito, é só amor! De dentro pra fora, a resposta para as perguntas está ai, entre um ir e vir, na pausa do silencio, sem cor, a vida é feita de amor! E é sua. Em mãos, foi entregue a você. Braços para abraçar, voz para cantar, pés para caminhar em qualquer lugar e ser um. Unicamente e totalmente você. Cabelos ao vento, contemplando o céu, a verdade maior é a certeza de não tê-la e não pegá-la como quem pega uma flor. Não é palpável, mas é sentida. Esta em tudo que há dentro de você. No seu céu, no seu sol, no seu universo particular, infinito e bonito, assim, amor! Imperfeito, para ser vivido na totalidade do ser mais intimo e discreto. Quando os véus do coração caem no chão e você sente o vazio preenchido de vazio, sem resposta alguma para pergunta nenhuma, ai está a sua pequena e grande verdade! 

Grata, pela verdade que é o agora!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Uma dose de mim
   Não se assuste se este não for um texto assinado pela menina mãe, na verdade, esse é um texto só de uma mulher. A mulher da qual sempre se escondeu nesse paradoxo de menina mãe. Que queria tanto arriscar um batom vermelho nos lábios, mas não se via assim no espelho, por isso ainda preferia o velho par de tênis que costumava a levar para lugar nenhum. O fato é que, ser mãe, tem me feito querer ser mulher também. Mulher tem dessas coisas, na verdade mãe. Às vezes é preciso abrir um espaço, colocar uma vírgula no meio das mamadeiras, chupetas, fraldas e afins e dizer: ei, eu também sou mulher, oi, eu também quero existir um pouco! E a culpa não é do seu bebê, nem dos outros, é sua mesmo! A responsabilidade começa a ser toda sua. Você fez uma vida, oras. Porque é que não consegue ter um tempo pra ser mulher também?  

   Às vezes, a gente esquece, claro. Mãe que é mãe tem olheiras, fica sem fazer xixi, fica sem comer, fica magra ou gorda demais. E ainda tem quem de palpite ou quem te de uma bronca, por você não comer de três em três horas. Como se isso, fosse realmente possível! E você passa a ter suas verdades e suas totalidades e sente que agora o amor parece estar desconfortável, meio que sem lugar no sofá. Como se o sofá, fosse de outra casa e as pessoas do sofá, de outra família. Quem é esse gordo ai, não me dando espaço? Assim que tá o amor, espremidinho, tentando sobreviver e respirar, encostado num desconhecido. Ah o amor, quem dera se fosse mesmo aquela coisinha que dispensa cuidados e cresce no relento feito aquelas florzinhas de mato. Não é! Amor é feito criança. Exige atenção, cuidado e mais amor. Amor quer amor, oras!  

   Parece ser tão simples e às vezes (na maior parte) tão complicado e exigente que tudo isso tem me feito correr pra varanda da minha alma, tomar o tempo num gole só e quiçá fazer as coisas pararem de correr contra ele. Contra os sonhos e os demônios. Desacelerar! Tomar uma dose, mil doses talvez de mim mesma e me embriagar de toda a minha loucura e minha parte sã. Suplicar pelo conforto, pelo sofá espaçoso, pra ele às vezes ser só meu! Descobrir a parte de mim que se escondia, mas que estava aqui, querendo ser chamada de mulher! Eu, outra vez, reinventando, re-amando meu próprio amor!