Des-crença
Que a chuva lave a alma e regue as flores do coração, que a chuva leve
embora a doença, a crença o ego, o costume e a velha canção. Que a gente retire a mesa do
café e ponha sobre ela novos planos e novos frutos. Que a gente acredite naquilo
que vale a pena acreditar e abra mão daquilo que pesa e não cabe na palma das
mãos. Que o que cabe, é o carinho, o abraço, um cafuné, um laço. Que o que cabe
aqui é só verdade, olhos que se olhem, palavras que se acertem antes da
desordem, promessas pagas, amor de verdade! Que a mentira não resista ao novo
mundo, que o cansaço não seja profundo e te impeça de tentar. Desacredite par acreditar,
desfaça as malas para andar, desarrume para arrumar. Desencontre para só depois
se encontrar e se amar e se lançar. Que o universo te banhe de novos rumos
certos, que a maior razão seja não tê-la, que a gente tenha mais riso do que
lágrima e um punhado de fé nos bolsos. Que o certo não seja certo e nem errado,
que não tenha culpa e nem culpado, des-culpa a sua alma e ausenta a tua dor.
Sem dor, por favor! Leveza, lindeza, que vida mais pequena que cabe na palma
das mãos. Firme e afirme que a grandeza é a certeza de que por dentro há um
intento de ser feliz, e seja. E que se libertar, é não zangar com o coração!