sexta-feira, 30 de novembro de 2012

beirinha da nova água: Mãe


   Hoje me lembrei da menina mãe que era tão menina e tinha tanto medo de dizer sobre o amor das coisas. Que procurava grandeza tão grande pra mostrar a imensidão do universo materno. Que não sabia do cheirinho das roupas com carinho banhadas em amaciante a passadas no ferro quente. Que pouco sabia das coisas e pouco ainda sabe. Que tinha tanta sede de dizer que às vezes não dizia nada. O amor às vezes é assim, pouco se fala, pois não há palavras para sua imensidão. Costumava olhar pro céu e palpitar os nove meses que ainda não existiam. Era um mês de uma menina que ainda não sabia o que era ser mãe e que hoje, na beirinha da nova água, consegue imaginar, só imaginar o que é esse tal amor. Ainda não sabe do choro, nem do colo, nem de como dar o banho de água morna e amor, mas separa as roupinhas por cor e sonha com o menino bonito correndo pros seus braços num dia de sol quente. Ela já não se importa com as prioridades de uma menina, ela já não está só. Menina que borda em linha azul a palavra mãe e desenha no canto do caderno o nome tão lindo: Pedro! É amor, só amor que a menina descobriu!


 

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