Aceite a situação!
Aceite o momento do vento que bate tão lento e às vezes sopra pra longe
o que estava tão perto. Aceite o estado de espírito que o amor se encontra.
Suas fraquezas, suas quedas e seus joelhos ralados. Aceite a chuva e regue as
flores do jardim. Aceite o tempo e aceite que há uma eterna diferença do tempo do
relógio para o tempo verdadeiro. Aceite sua condição de braços abertos, acolha,
amenize, passe a borracha no que passou, com carinho, mas aceite! Aceite a força
que vem de dentro e se renova do lado de fora, em forma de amor, na forma da mais
linda flor, aceite a vida! Se os pés estão cansados, descanse-os, se o sol te
queima o rosto, corre pra sombra, mas não desista do caminho que está sob seus
olhos agora, não se esqueça da grandeza
que é a paz e que por ser tão grande, mora bem dentro de você!
Às vezes procuramos atalhos para chegar ao pote de ouro com mais
rapidez, mas os detalhes, tão mais importantes, estão no meio do caminho longo
e são cortados pelos atalhos que têm pressa demais para colocá-los em seu
caminho! O pote de ouro pode ser só um pote e o maior tesouro na verdade talvez
seja a beleza que estava pelo caminhar longo.
Uma vez, desejei que os nove meses passassem correndo e sem que eu
percebesse, a barriga seria logo substituída por um bebê nos braços. Talvez o
sono fosse mais leve, o humor não mudaria de tom, as calças me serviriam pra
sempre, tudo passaria num piscar de olhos sem lentidão e sem sofrimento, mas ao
abri-los eu não me lembraria da forma tão sutil do pequeno ser de luz se
manifestar dentro de mim, não me lembraria dos seus chutinhos de madrugada, nem
de como era bom carregar uma vida dentro da própria vida e depender tanto dela,
como ela de mim. As coisas passariam e talvez, eu não soubesse dos mais
singulares e bonitos detalhes de ser mãe!
Mãe aos 18 anos, um fato que foi preciso ser aceito pra só depois ser
vivido e sentido e amado viver. Hoje sinto que estou feliz com a situação desde
o dia em que deixei que as coisas mudassem livres para ordens diferentes. Que a
menina se tornasse uma mãe e ainda assim, não deixasse de ser menina. E ainda
que os olhares curiosos se apontem pra barriga de uma mãe tão jovem, prefiro
inverter a ordem das palavras e me nomear uma jovem tão mãe!