sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Aceite a situação!
 

  Aceite o momento do vento que bate tão lento e às vezes sopra pra longe o que estava tão perto. Aceite o estado de espírito que o amor se encontra. Suas fraquezas, suas quedas e seus joelhos ralados. Aceite a chuva e regue as flores do jardim. Aceite o tempo e aceite que há uma eterna diferença do tempo do relógio para o tempo verdadeiro. Aceite sua condição de braços abertos, acolha, amenize, passe a borracha no que passou, com carinho, mas aceite! Aceite a força que vem de dentro e se renova do lado de fora, em forma de amor, na forma da mais linda flor, aceite a vida! Se os pés estão cansados, descanse-os, se o sol te queima o rosto, corre pra sombra, mas não desista do caminho que está sob seus olhos agora, não se esqueça  da grandeza que é a paz e que por ser tão grande, mora bem dentro de você!
   Às vezes procuramos atalhos para chegar ao pote de ouro com mais rapidez, mas os detalhes, tão mais importantes, estão no meio do caminho longo e são cortados pelos atalhos que têm pressa demais para colocá-los em seu caminho! O pote de ouro pode ser só um pote e o maior tesouro na verdade talvez seja a beleza que estava pelo caminhar longo.
   Uma vez, desejei que os nove meses passassem correndo e sem que eu percebesse, a barriga seria logo substituída por um bebê nos braços. Talvez o sono fosse mais leve, o humor não mudaria de tom, as calças me serviriam pra sempre, tudo passaria num piscar de olhos sem lentidão e sem sofrimento, mas ao abri-los eu não me lembraria da forma tão sutil do pequeno ser de luz se manifestar dentro de mim, não me lembraria dos seus chutinhos de madrugada, nem de como era bom carregar uma vida dentro da própria vida e depender tanto dela, como ela de mim. As coisas passariam e talvez, eu não soubesse dos mais singulares e bonitos detalhes de ser mãe!
   Mãe aos 18 anos, um fato que foi preciso ser aceito pra só depois ser vivido e sentido e amado viver. Hoje sinto que estou feliz com a situação desde o dia em que deixei que as coisas mudassem livres para ordens diferentes. Que a menina se tornasse uma mãe e ainda assim, não deixasse de ser menina. E ainda que os olhares curiosos se apontem pra barriga de uma mãe tão jovem, prefiro inverter a ordem das palavras e me nomear uma jovem tão mãe!  

 

 
beirinha da nova água: Mãe


   Hoje me lembrei da menina mãe que era tão menina e tinha tanto medo de dizer sobre o amor das coisas. Que procurava grandeza tão grande pra mostrar a imensidão do universo materno. Que não sabia do cheirinho das roupas com carinho banhadas em amaciante a passadas no ferro quente. Que pouco sabia das coisas e pouco ainda sabe. Que tinha tanta sede de dizer que às vezes não dizia nada. O amor às vezes é assim, pouco se fala, pois não há palavras para sua imensidão. Costumava olhar pro céu e palpitar os nove meses que ainda não existiam. Era um mês de uma menina que ainda não sabia o que era ser mãe e que hoje, na beirinha da nova água, consegue imaginar, só imaginar o que é esse tal amor. Ainda não sabe do choro, nem do colo, nem de como dar o banho de água morna e amor, mas separa as roupinhas por cor e sonha com o menino bonito correndo pros seus braços num dia de sol quente. Ela já não se importa com as prioridades de uma menina, ela já não está só. Menina que borda em linha azul a palavra mãe e desenha no canto do caderno o nome tão lindo: Pedro! É amor, só amor que a menina descobriu!


 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Simplesmente


   Simplesmente quando o passo parece mais leve, com sede de água nos pés e areia entre os dedos. Quando o coração respira flor e faz amor com a divina forma de ser feliz. Felicidade quando simplesmente não queres nada em troca e sorri com sutileza, fazendo a alma transbordar. Simplesmente quando os olhos se fecham e a brisa sopra o rosto, dizendo que agora está tudo em calma. Quando a calma dos lábios fala, quando as palavras saem num suspiro e você só diz amor. Assim que eu me sinto, com o ventre aceso da luz, tão pura e tão bonita. Assim que eu me sinto, agora todos os dias, pois não há razão de ser feliz se não ser. Simplesmente ser. Ser o que você respira, ser o que seus olhos espiam e gostam de ver. Ser borboleta, leve, livre, solta, tão linda. Ser chão e terra de terra, que planta e faz a raiz crescer, de dentro pra fora, como deve ser. Ser a forma mais bonita que você deseja ser. As cores de todas cores, ser mãe. Puramente mãe! E simplesmente deixar que as coisas aconteçam no tempo sem relógio, no tempo cronológico da lógica de não esperar. Simplesmente acontece, quando tem de acontecer. Simplesmente nasce, cresce e vive. Simplesmente existe para doar todo o amor, e é simples, assim!