Sobre a vida!
Eu gostaria de falar sobre como as coisas podem ser moles ou flexíveis sem que os olhos percebam e que as asas se moldam ao vôo, ainda que seja pra ir pra longe de casa. Eu consigo guardar todas as pessoas que amo no coração sem apertar ninguém e consigo colocar umas mudas de roupa e alguns livros numa caixa e me mudar. A gente se adapta ao travesseiro e a cama nova e aos novos costumes, inevitavelmente. Aprende que algumas pessoas preferem abrir as janelas e outras gostam de cortinas fechadas. Que o tempero do feijão da sua mãe é mais gostoso quando você sente saudades dele e que você só vê a falta que um abraço faz quando ele esta longe demais dos braços agora.
Mas a verdade, que pode ser só uma meia verdade ou só a minha verdade é que não há nada que o corpo não possa dançar em ritmo diferente, que os ponteiros não se ajustem ao novo tempo e a nova fase. A barriga faz força e desabotoa o botão do short, algumas coisas ficam agora no fundo da gaveta e a gente arreda um pouco mais a cama pra caber um berço e um cavalinho de balanço. Algumas pessoas foram pra longe e outras de longe parecem estar tão mais perto. O sorriso muda, a lagrima muda, o coração desaperta um pouco, fica seguro de si como uma mãe que carrega o mundo no colo, porque o mundo na verdade, é seu filho e seu amor.
Às vezes fico pensando qual a grandeza do amor de mãe, porque o colo da mãe tem o melhor cheiro do mundo, porque abraço de mãe é forte e macio ao mesmo tempo. Porque mãe sente o que os olhos jamais saberiam ver e as palavras nem de longe conseguiriam dizer e me pego desejando ter essa tal grandeza dentro de mim e ser grande e mais forte, talvez gigante pra não fazer um filho chorar. Olho as crianças que correm na pracinha e penso na vida. Certeira sem nada certo. Precipício de coisas malucas que formam a mente e fazem a gente imaginar um futuro bom. De longe eu vejo um menino Pedro de sorriso largo feliz por estar na vida, essa mesma vida que me faz feliz também!